quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Memórias de uma lojista

"Bom dia senhor, posso ajudar?"

O dia-a-dia em uma loja costuma ser sempre a mesma coisa de uma forma totalmente diferente. Acontece nada e tudo ao mesmo tempo. Tem o mais variado tipo de pessoas, mas todas são a mesma coisa: clientes.

"Vamos entrar e dar uma olhadinha..."


"Vamos entrar senhora?"

Começa com o sorriso simpático da vendedora lhe convidando a entrar e explorar o grande universo que tem dentro de uma loja.
Então você pode ver o dono da loja sisudo, preocupado em vigiar a loja para não ser roubado - "Olha a porta Leni!"
A vendedora meio lesada que passa o dia mexendo nos sacos de camisas.
E a moça do caixa que atende uma pessoa ou outra no intervalo das leituras do seu livro ou jornal.

"Temos essas aqui de R$22,99 e essas de R$16,99..."


Temos aquelas pessoas que chegam sorrindo e não param de sorrir jamais.
Tem também aquelas que não olham na sua cara e nem falam com você.
Os que dizem que só estão dando uma olhadinha.
O cliente fiel... "Só compro as minhas coisas aqui!"
Os que só olham a loja inteira para perguntar se tem aquilo que eles já viram que não tem.
E aqueles que só faltam sair correndo quando ouvem o preço.
Outros pedem pra você escolher e só têm o trabalho de ir no caixa pagar.
Ainda tem os que pagam e quase esquecem de levar a mercadoria - "SENHOR! A sua sacola."


"Acabou... Mas a senhora encontra no próximo quarteirão."


Encontra o camelô imitando um 'viado' da TV... "Ai como eu sou bandida!"
O menino que vende raquete 'mata-mosquito'... "Mata até gente!"
Tem cara que vende CDs e coloca a mesma música 1589 vezes seguidas... "Eu descobriiiiiiiiii..."
Aí passa aquele bêbado e começa a dançar... "Vaaaaaaai!"
E o tio do som volante que tenta falar bonito... "Estamos convidando você que quer tem uma vista límpida, bonita."

"Mais alguma coisa? Temos meias, cuecas..."

"Tem calção verde-limão e blusa branca?"
E aquelas pessoas que se destacam:
A vovózinha que está doida para puxar conversa... "Saúde, né? É bom... meu marido morreu esse ano."
O cara que vai evangelizar... "A gente vai lá pro Pirambu, e se não se identificar, é bala!"
A senhorinha que veste o bêbado do seu bairro..."Eu comprei pra ele uma calça de 29 reais e ele trocou por UMA dose de cana..."
O 'véi bêbo' que chega todo dia sujo, compra uma camisa nova, se troca e vai embora... "Se eu chego assim, minha namorada não quer saber de mim."
Aqueles com sexo indefinido - "Bom dia senh...or..a?
A mãe que tenta de tudo para que a filha obedeça... "Se calça ou eu vou chamar o palhaço preto pra comer o teu pé!"
E a mãe triste comprando roupa para o uniforme do filho que está na prisão... "Eu podia estar comprando uma calça jeans..."
Ou aquela irmã que tenta disfarçar... "Ele quer dessa cor. Mas ele não gosta de nenhum detalhe, nem bolso."
Ou ainda a tia que tem vergonha... "Tu sabe pra que é isso, né?"

A gente vê tanto certos tipos de coisas que acaba ficando cega e insensível à natureza dos fatos. Então, você se depara com um lampejo de emoção, um pequeno, verdadeiro e sincero sorriso, de uma mãe que finalmente encontrou a roupa do filho, que lhe comove sem querer, fazendo com que você perceba, como que por uma epifania, tudo aquilo que você já tinha visto, mas ainda não tinha se dado conta.

"Obrigada, senhora! Tenha um bom dia, um feliz ano novo e volte sempre."


"Volte sempre!"

domingo, 25 de dezembro de 2011

Estranha e mirabolante viagem

Não é novidade para quem me conhece que eu tenho uma verdadeira paixão por livros. Procuro ler de tudo, desde os clássicos da literatura até os best sellers, bons ou ruins, mais comentados. E eu sou uma "devoradora de livros": quando começo a ler um livro que me agrada, só sossego quando o termino, geralmente em poucos dias ou em uma semana no máximo.

Entretanto, a minha última leitura foi demasiadamente penosa parta mim. Demorei cerca de QUATRO meses para conseguir terminar de ler "As Viagens de Gulliver" (Travels into Several Remote Nations of the World, in Four Parts. By Lemuel Gulliver, First a Surgeon, and then a Captain of several Ships), de Jonathan Swift. Parecia que não terminava nunca! Não que o livro seja ruim - eu não me atreveria a afirmar tal coisa -, mas ele é um tanto prolixo, demasiadamente descritivo e, portanto, entediante. Ah! E não tem um único diálogo. Tá bom que é no estilo "diário de viagem", mas...


"Luiza, você está falando de um livro do século XVIII! Lógico que ele tem um linguagem mais difícil e é um pouco mais detalhista". Tá! Eu sei disso. Mas já li muitos outros livros tidos como clássicos da literatura que não foram tão penosos de ler como esse foi.

Mas, vamos à história.
O livro, como o título sugere, retrata as viagens de Lemuel Gulliver, cirurgião britânico que posteriormente também se torna capitão de navio. Mas suas viagens não se restringem aos quatro cantos do mundo já conhecidos. Ele sempre acaba sendo separado da tripulação e aportando em um país totalmente desconhecido e diferente de tudo o que se conhece.
Primeiro ele chega à terra dos liliputianos, seres humanos em miniatura, em outra viagem vai a Brobdingnab, terra dos gigantes. Na terceira, chega à Ilha volante, com seu habitantes deformados, passando pela Ilha dos feiticeiros mágicos (ponto mais interessante), por Luggnagg, onde tinha alguns habitantes imortais, e pelo Japão. A última viagem foi ao país dos Houyhnhnms, onde os dotados de razão eram os cavalos (ponto mais extraordinário do livro).

Um houyhnhnm e um yahoo.
Então vai o meu principal problema com o livro: o cara é um verdadeiro mau agouro para viagens. Suas embarcações sempre acabam naufragando, sendo roubadas e, por último, há um complô no qual ele é expulso do navio. E ele continua insistindo em viajar. Mesmo passando meses, anos em terras estranhas e deixando a sua família ao relento (por que ele tem esposa e filhos). Ele volta de uma viagem de cinco anos, passa uma semana em casa, engravida a esposa e vai embora.
Mas até aí, tudo bem. O problema é a incrível subserviência que ele tem com os povos descobertos, reduzindo-se de imediato a súdito TOTALMENTE submisso a não importa que tipo de povo, insistindo em chamar "seus donos" de "amo". Alguma submissão pode até ser necessária para sobreviver, mas a do personagem é extrema, exagerada e irritante.

O povo de Brobdingnag, os gigantes.
Agora, o que me fez continuar a ler o livro: Swift usa o contato de Gulliver com os diferentes povos para fazer uma análise/crítica da sociedade e instituições britânicas (universal) e até sobre a História e os seres humanos. Ele denuncia, de forma até irônica, as corrupções, falhas, comportamentos de seu país natal e de sua gente mostrando, através dessas novas sociedades, que "menos é mais". O mundo "moderno" é tão cheio de regras para funcionar que não percebe que elas só o fazem desandar. O personagem acaba chegando ao ponto de, decepcionado com a sua própria espécie, preferir viver com os houyhnhnms ou totalmente recluso a ter que voltar a viver e ser influenciado pelos yahoos (tipos humanoides do país dos houyhnhnms - Gulliver passa a utilizar o termo para se referir a qualquer tipo de ser humano). Exagerado? Completamente. Mas faz sentido a partir do momento que se abre os olhos para todas as mazelas antes obscurecidas pelo costume e se tem contato com uma sociedade mais verdadeira, justa e funcional. 

O meu livro
De qualquer forma, estou satisfeita de ter me obrigado a terminar de ler o livro. Não é uma das leituras mais agradáveis, mas nem tudo o que é agradável pode ser considerado bom (se é que você me entende), e vice-e-versa.


E, como o post já está demasiadamente longo, eu fico devendo falar das adaptações e algumas curiosidades sobre o livro. Só não sei ainda se aqui ou no Postando 7, ou nos dois. Então, até o próximo post!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Tá na hora de algumas mudanças

O final de 2011, das formas mais diferentes, me fez parar pra pensar em algumas coisas. O blog foi uma delas. Mudar nunca foi um problema pra mim (que o diga o layout desse blog). Quem sabe agora mudar seja uma solução. Mas parece que a aparência não é mais o suficiente...

Começou com o fatídico dia do um ano de blog. Se as pessoas, teoricamente, não leem o meu blog, o problema é com o blog. Percebi que ele só está se encarregando de um quarto do que eu realmente gostaria de que ele tratasse. E é exatamente isso que irá mudar.

Para a felicidade, ou infelicidade, de alguns, eu vou continuar reclamando por aqui. Se eu não fizesse isso, não seria eu. Mas eu quero adicionar um pouco mais de conteúdo. Vou começar a fazer algo do tipo Postando7 e colocar aqui livros, filmes e músicas, quiçá fotografia e seriados, que eu gosto, não gosto, ou tenho vontade de conhecer. Talvez eu até traga alguns dos meus posts de lá pra cá. Ainda não sei.

Tenho planos de voltar a escrever também. Até um tempo atrás eu escrevia minha rotina numa agenda, mas acabou se tornando bem circunstancial. Aí eu também tinha um caderno como diário, mas era muito pessoal e repetitivo. Então vou escrever aqui sobre coisas que eu não me incomodaria de compartilhar com qualquer pessoa. Além disso, tenho planos de começar a fotografar, pra ver o que é que sai.

E, por último, eu vou TENTAR ser mais assídua, postar mais vezes. E, como eu não sei se eu vou conseguir esperar até o próximo ano, é provável que tenha coisas novas e diferentes ainda neste mês.


Ah! E também vou começar a usar marcadores (só não sei quando eu vou ter coragem de colocar nos posts passados).

So... Enjoy it! (or not)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Basta imaginar

Hoje eu estou numa vibe meio cambiante, pensando sobre o ato de pensar.
Então, por que não aproveitar essa teorização do pensamento no campo que mais estimula a imaginação? Falemos sobre o processo da leitura.

É como se desse pra entrar no livro
Não sei se acontece só comigo, mas quando eu leio um livro, eu estou fazendo mais do que lendo um livro. Eu entro no livro. Eu vivo a história e me transformo em um personagem. Não necessariamente no principal. Eu apenas estou lá. Esse deve ser o motivo de eu não conseguir ler mais de um livro ao mesmo simultaneamente.
Uma boa alegoria é o FILME "Coração de Tinta" (ainda não tive a oportunidade, ainda, de ler o livro), no qual o personagem principal tem o dom de dar vida a elementos dos livros.
A história ganha vida.


Quando eu leio uma história sobre dragões, eu consigo sentir a aspereza da pele do dragão, sentir o calor de suas chamas e até um cheiro de queimado.
Num romance, eu me apaixono pelo mocinho (e, porque não, pelo vilão).
Numa luta, eu vibro a vitória, sinto a derrota, sou ferida, mas continuo levantando pra lutar.

Eu já voei, respirei de baixo d'água, fiz mágicas, matei, salvei alguém. Fui mocinha e fui bandida. Vivi grandes amores, perdi grandes amores. Casei, separei, tive filhos, morri. Viajei, conheci o mundo, fiquei em um só lugar. Respirei o ar do campo, me intoxiquei com a poluição da cidade. Acima de tudo, fiz descobertas e vivi intensamente.


Ler não é um apenas um hobby. É um estilo de vida. Ou melhor, é ter várias vidas.
Você pode ser quem você quiser! Basta imaginar...

Se eu acredito em tudo o que leio? Eu não acredito em quase nada. E acredito em tudo. Quando o livro está aberto, aquela é a minha realidade.
Se eu acho que a minha vida vai ser igual aos livros? Eu bem gostaria... mas tenho certeza que não. O segredo é só se deixar iludir enquanto as páginas puderem ser viradas. Quando não der mais, é só pegar um outro livro, começar uma nova história, ter uma nova vida, viver uma nova ilusão.
Ou, quem sabe um dia, eu escrever o seu próprio livro. Ainda espero/quero escrever o meu.

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Falando em pensar...

Recentemente eu formulei a frase "não pense, pois pensar nem sempre faz bem". Ironicamente eu não consegui parar de pensar nisso. Pra completar, Fernando Pessoa veio com o Guardador de Rebanhos e minha turma com um vídeo. Aí você percebe que ainda tem muito o que pensar.
Pensar tem sido a única coisa que eu tenho sabido fazer por toda a minha vida e só eu sei tanto o bem quanto o mal que isso pode fazer.

Não resistindo, cito a paródia da gaiola das cabeçudas (olha o nível): "penso logo existo, Descartes que disse isso". Se o fato de pensar nos torna alguém, o que acontece quando não pensamos? Não falo de pensar em algo ou alguém; falo em simplesmente pensar. Aprendi, com muita dificuldade, que em certas ocasiões o melhor a fazer é esvaziar a mente, olhar para o tempo e... só. Num momento de raiva, por exemplo, pensar não vai trazer nada de produtivo, nem saudável. Contraditoriamente, existe um ditado popular que diz "mente vazia, oficina do diabo". Discordo. Se a mente estiver realmente vazia, o diabo não vai ter com o quê trabalhar.

"Há metafísica bastante em não pensar em nada".

Li ainda "pensar enlouquece. Pense nisso". Cheguei a uma conclusão: tô fudida!
Eu não faço outra coisa a não ser pensar. Minha mente está sempre em processo de criação. Não estou dizendo que eu sou uma intelectual, pensando em teorias e teoremas. Não! Eu até penso em coisas sérias, úteis, e também penso muita besteira. Mas, na maioria das vezes, eu simplesmente imagino coisas. Reformularei a minha frase. Eu não faço outra coisa a não ser imaginar. Imagino eventos que poderiam acontecer, mas que são impossíveis, pois eu tenho uma cabeça mirabolante. Penso em desfechos para as mais variadas situações de um possível dia-a-dia, seja ele meu ou não. Só não penso no passado, pois o tempo, literalmente, já passou. 

Só sei que, de tanto pensar/imaginar, eu acabo me conformando com a ilusão e não busco viver realmente, pois eu sei que a vida real nunca será tão fantástica quanto as histórias que eu invento. Eu vivo imaginando. A ilusão me basta, porque, de uma certa forma, é como se eu tivesse passado por aquilo. 
Só que as minhas histórias nunca têm um fim; elas sempre ficam em aberto, como a realidade que eu interrompi para pensar na história. 
Penso, ainda, em escrever um livro sobre isso. Mas eu continuo sem coragem, com medo de ele não sair como eu imaginei.
Então eu penso como seria, e imagino que de tanto pensar, um dia, meus projetos vão sair do campo das ideias e eu vou ter realmente o que escrever.

"O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa".
(Fernando Pessoa)

domingo, 20 de novembro de 2011

I have an addiction

Não gosto de títulos em outros idiomas, mas não tinha como ser diferente nesse post.
I have an addiction! Ou, para os que, como eu, não sabem inglês e para que não precisem ir no google tradutor, eu tenho um vício!
Péra! Eu não uso drogas. Nem lícitas, nem ilícitas. Nesse sentido eu sou bem "careta" (alguém ainda fala isso?).

Meu vício é em séries. Livros e filmes também podem entrar na categoria de vício, mas eles não chegam nem perto da minha necessidade crônica de assistir seriados. É como se seriados fossem "a minha heroína" - pra quê melhor frase pra definir do que um clichê norte-americano?


Eu juro que eu tento me controlar! Eu acompanho poucos seriados, TENTO assistir só um ou dois episódios por dia, mas... tem muitas vezes que simplesmente não dá. Principalmente quando eu invento de começar a assistir um novo seriado. Eu não consigo viver direito enquanto eu não assisto todos os episódios até o último que já foi exibido. Aí é era uma vez pra vida social, trabalhos da faculdade, estudos, leituras ou até mesmo curiosidades instrutivas.
Eu vivo em torno dos episódios que eu ainda preciso baixar e baixar e, finalmente, assistir.
Sorte que, quando eu chego no último episódio lançado, meu coração desacelera e eu consigo, tranquilamente, ficar esperando uma semana para assistir o próximo. Mas se tiver hiatus... 

Por isso que eu geralmente escolho assistir seriados que estão no início, ou que tem poucas temporadas, ou que tem poucos episódios por temporadas. Mas aí as séries entram "de férias", eu fico sem ter o que assistir, aí eu procuro por outras e começa tudo de novo.

Atualmente eu assisto Supernatural, House, The Walking Dead, Once Upon a Time (tá no começo, mas já me conquistou), Suits, Merlin (é isso mesmo!), True Blood, Glee (eu juro que é só pelas músicas) e, o que está acabando com a minha vida acadêmica no final do semestre, Dexter.
Pós-post: Já estou "em dias" com a série e a
6ª temporada tá muito, MUITO legal!!
(08/12/11)
Simplesmente não dá para me concentrar em qualquer coisa! Eu leio um texto e preciso reler o mesmo parágrafo cinco vezes para entender duas linhas, eu não consigo dormir direito imaginando o que vai acontecer, eu perco a noção do tempo e esqueço que eu tenho coisas para fazer, cantos para ir. Eu paro de entrar na internet! Eu fico pensando na próxima pessoa que o Dexter vai matar, quando é que ele vai casar com a Rita e como é que ele vai conseguir se livrar do Miguel e como é que ele vai conseguir continuar sendo um serial killer com esposa e filhos (até o momento que esse parágrafo foi escrito, eu tinha assistido até o 3º episódio da 3ª temporada - e eu comecei a assistir semana passada). É muita expectativa pra eu me saciar em apenas 50 minutos; eu preciso de mais, muito mais! 

Então... deixa eu publicar e divulgar logo esse post porque ainda tem sete episódios e outras três temporadas para eu assistir.


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Serviço de utilidade pública: se você assiste seriados, se prepare para os hiatus

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Gosto, mas não tô aguentando

Tenho um sério problema com constâncias. Explico.
Eu não me sinto à vontade por muito tempo com rotina, repetições, padrões. Eu costumo enjoar das coisas, comidas, lugares e, pior, das pessoas.
Não é que eu deixe de gostar de alguém; eu simplesmente perco a paciência com ela. Mas é só diminuir um pouquinho a convivência que esse incômodo mal-estar passa. Ainda bem!

Às vezes da uma vontade...
Sabe aquelas pequenas coisas chatas que alguém faz, mas que passam despercebidas por serem, teoricamente, insignificantes? Pois é... Depois de um certo tempo, pelo menos para mim, elas se tornam demasiadamente insuportáveis/irritantes e chegam a tal ponto que eu não consigo mais nem ouvir a pessoa nem falar ou dá aquela vontade de mandar a pessoa ir à merda e ficar por lá, ou ainda de dar um soco.
Eu me sinto um ser humano pior por causa disso. Mas é involuntário, então eu não sei o que eu poderia fazer.

Mas acaba tudo bem
O que eu sei: às vezes é preciso dar um tempo de certas pessoas. Um período, mesmo que seja curtíssimo, sem se ver ou sem se falar constantemente pode salvar uma amizade, quiçá uma relação. É nessas horas que eu acho um pouco compreensível esse povo que namora e pede um tempo. Eu sempre pensei que era desculpa para "cair na vida louca", como diz uma amiga minha, mas, ao que parece, mesmo gostando muito de uma pessoa, a pessoa fica tão saturada de uma convivência constante e ininterrupta que acaba perdendo a capacidade de relevar algumas coisas.

Piora um pouco quando se tem problemas como falta de paciência como sofre esta que vos escreve. Mas a sorte é que até as minhas inconstâncias são inconstantes, então, mesmo tendo passado por períodos de repugnância para com algumas pessoas que eu REALMENTE gosto muito, essa agonia sempre acaba passando. E que continue assim!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

para Francisco e para todos nós

Levando em consideração que literatura é a arte de compor escritos, de criar um texto, logo concluímos que um blog também é literatura. E quando esse blog vira livro então...

É o caso do blog/livro de hoje: para Francisco
Antes de dizer sobre o que "eles" falam, devo confessar que esse é um dos livros que me conquistaram pela capa. E eu segui o sentido inverso; conheci primeiro o livro para só depois visitar o blog.

Agora vamos à história. O blog surgiu como maneira de aliviar a dor da perda e de ser um ponto de referência para um filho ter a oportunidade de conhecer o pai. Explico. Guilherme Fraga morre dois meses antes do nascimento de seu único filho. Cristiana Guerra, então, se divide entre a tristeza de perder um grande amor e a alegria da maternidade, por estar carregando a maior herança e consolo que Guilherme poderia deixar: Francisco. A necessidade de lembrar para poder contar ao filho gerou o blog que comoveu amigos e internautas, e ganhou uma legião de fãs e mais de 3 mil seguidores - ele recebe mais de 2 mil visitas por dia. Resultado: acabou virando um livro.

“O livro eterniza os textos. 
É como se eu fechasse um ciclo e pudesse caminhar para a frente, 
olhar para o outro lado”


Tanto o blog quanto o livro contam histórias da Cris com o Gui (olha a intimidade), mostram cartas e e-mails trocados entre ambos. Mas também registram eventos da vida da autora/blogueira, fatos sua vida, família, desabafos, além de mensagens para alguém que ainda não tinha chegado ao mundo. De uma forma ou de outra, ela consegue tirar algumas lágrimas de quem ler os seus registros.

Hoje, com Francisco nascido (21 de março de 2007) e crescidinho, Cris Guerra utiliza o blog para registrar e compartilhar as "francisquices" do pequeno. Seu jeito moleque, fofo e até sedutor (segundo a própria mãe).

Cris e Gui
O blog
Francisco.
Hoje ele já está maior. Mas essa foto é a mais fofa de todas, então... 



Se você não clicou nos nomezinhos vermelhinhos amarelinhos lá em cima e quer conhecer os dois blogs da Cris, aí vai:
http://parafrancisco.blogspot.com/
http://www.hojevouassim.com.br/ (que fala sobre moda e estilo)


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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ninguém me lê!

1 ano de blog! Um ano todinho...
Grande coisa! ¬¬

Desculpem o recalque, mas eu sempre imaginei que com 1 ano de blog eu ia ser minimamente conhecida. Não numa proporção astronômica, pois a minha pretensão nunca chegou a tanto. É que é tão triste ter no máximo dois comentários por post. E muitas vezes eu não tenho ao menos um.

Esse post que, supostamente, deveria ser comemorativo, está servindo só para eu abrir meu coração. E fazer uma das coisas que eu mais gosto de fazer: reclamar!
Eu queria escrever alguma coisa hoje, mas não tive tempo de pensar. Então, tá saindo isso aqui.

Só não sou totalmente frustrada com relação a blog porque, pelo menos no outro (Postando7), eu tenho um número razoável de visualizações e, às vezes, até comentários. Mas, mesmo lá, eu ainda sofro o problema de visualizações pois o meu tema é justamente O problema do qual eu estou reclamando aqui: ninguém lê! Literalmente. E eu não estou falando só dos blogs.
Eu escrevo sobre literatura e não tenho tanto ibope porque as pessoas não têm o costume ou simplesmente não gostam de ler. Chega a ser triste! E meio estranho pra mim, que sou uma compulsiva por livros e leituras.


Fica a pergunta: por que as pessoas não leem? Ler é interessante, desde os clássicos da literatura a best sellers, de notícias de jornais a amenidades em blogs. É construção de conhecimento e até de personalidade.

Então, leiam mais, pois todos ganham quando o maior número possível de pessoas leem. Seja numa conversa mais embasada e interessante, ou num maior número de visualizações e comentários num blog ;]


Fica a dica: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"S'il te plaît... apprivoise-moi!"

Dando continuidade à referência francesa do post passado e fazendo uma homenagem tardia ao dia/mês das crianças, resolvi falar de um livro teoricamente infantil.


Le Petit Prince, ou O Pequeno Príncipe, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, é o livro que, dizem, deve ser lido três vezes ao longo da vida: na infância, adolescência e vida adulta. Infelizmente, eu perdi a oportunidade de lê-lo quando criança, mas tentei compensar na adolescência. Na verdade, de vez em quando eu pego o livro pra ler novamente.

O Principezinho (título do livro em Portugal) é uma história extremamente fácil, mas nem por isso simples. Diz-se que para aprender filosofia você deve começar lendo O Pequeno Príncipe seguido por O Mundo de Sofia, para só depois chegar aos grandes pensadores. Eu juro que já ouvi isso, mas não lembro quem foi que me disse.

O livro é história do garotinho que vivia em um planeta, asteroide e que tinha como única companhia uma rosa mal humorada e mandona, e que, um belo dia, resolve sair de seu planeta para conhecer outros lugares e pessoas, e para entender a si próprio. Na sua viagem, puxada por pássaros, ele visita seis planetas, conhecendo seus habitantes, que são representantes exagerados das misérias humanas, até chegar na Terra. Então, ele faz contato com uma cobra, uma raposa e um aviador (Saint-Exupéry?) e acaba descobrindo a importância da amizade, amor e cativação. Ah! E também tem um carneiro!


Escrito em 1943, em meio à II Guerra Mundial, e ilustrado com as aquarelas do próprio autor, The Little Prince é o terceiro livro mais traduzido do mundo. E, entre idolatradores cegos e críticos céticos, é amplamente citado em textos acadêmicos ou casuais. É também dono das citações mais conhecidas e sumariamente repetidas pela humanidade como: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" e "O essencial é invisível aos olhos".


Também sofreu uma série de adaptações e recorrências através de um filme, desenho animado, audiolivro, quadrinhos, exposições e os mais variados produtos (sapatos, jóias, roupas, bolsas, cadernos, etc...) Ainda tem uma série de livros relacionados ou recorrentes ao personagem-título e ao autor, como O Amor do Pequeno Príncipe, também escrito por Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe me Disse, uma coletânea de desenhos, comentários e referências ao livro, e A Verdadeira História do Pequeno Príncipe, uma biografia do autor. E agora ele está sendo remontado para os cinemas, mas dessa vez como animação.


Em linhas gerais, é livro escrito para crianças, sejam elas crianças de fato ou adormecidas dentro de uma pessoa grande, que sempre tem algo novo a dizer ou a oferecer.


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Ver também: 




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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Guerra e Glamour

Finalmente, meu primeiro post sobre literatura brasileira. E, mais do que isso, literatura cearense!

Luzes de Paris e o fogo de Canudos é o nome do romance de Angela Gutiérrez publicado em 2006, que junta dois dos temas que, paradoxalmente, muito me atraem: a utopia da guerra e o magnetismo do fin-de-siècle francês.

O enredo, em linhas bem gerais, conta a história de Branca, uma jovem de família nobre de Fortaleza, de sua irmã de leite, Morena, e da paixão de ambas pelo médico francês, Louis. O cenário: Fortaleza, a belle époque parisiense e o conflituoso sertão baiano. Todo o glamour da França do final do século XIX misturado ao sangue e suor derramado na Guerra de Canudos.

A bela Paris e o trágico Canudos
Mas não é tão simples assim. O livro se abstém da tradicional linearidade dos fatos e viaja entre passado e presente, através dos achados de Flora sobre sua tia Branca. Porém não pense que é só a Flora que conta a história. O livro é polifônico; mescla os mais variados tipos de narrador, que vão de cartas e bilhetes ao tradicional observador onipresente.

Como se já não fosse versátil o suficiente, ele ainda é ilustrado com grandes obras de arte do siècle d'or français, como as referências a diversas obras e monumentos sobre Joana d'Arc, juntamente com uma arte típica do nordeste, um cordel sobre a história de Branca e Morena. E alguns ditames franceses (com suas devidas traduções) ainda contribuem para dar um charme ao romance. Que fique registrado que esse livro foi o meu grande influenciador para começar a estudar francês.

Um livro diferente, que conta uma história simples, mas, mesmo assim, consegue fugir do comum sem deixar de ser belo.



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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Não quero crescer!

Acho que pelo menos quem já deu uma passada d'olhos pelo meu blog já percebeu que a infância ainda não saiu de mim. Primeiro pelo recorrente uso de imagens de crianças para ilustrar meus posts - porque além de serem muito expressivas, elas ainda são muito fofas. Depois porque recentemente eu descobri, malgrado meu, que eu escrevo como "uma menina de quinze anos". Isso é legal, se você quer ser o mais clara possível, mas não é nem um pouco legal se você tem 21 anos e tem pretensões de ser ao menos uma pseudo-intelectual.

De qualquer forma, é fato que eu sempre tive dificuldades para crescer. Embora tenha sido um pouco precoce em algumas coisas, nunca abandonei certos gostos pueris e nem sei se quero largá-los. Quando eu ainda era religiosa eu costumava dizer que "para entrar no céu o adulto precisava ter alma de criança e por isso eu não vou crescer nunca". Eu já não uso o céu como justificativa, mas continuo não querendo crescer (complexo de Peter Pan?).
Por exemplo, até hoje parte dos meus filmes preferidos são desenhos animados - tipo Como Treinar o seu Dragão, Peter Pan, Up. Até hoje, quando eu tenho tempo, eu assisto desenhos animados e alguns filmes infantis, e eu realmente adoro, escuto e canto músicas da Disney. Eu, às vezes, assisto aos Feiticeiros de Waverly Place. Chavez, então... Eu troquei a foto do meu perfil do facebook para uma imagem das Guerreiras Mágicas de Rayearth e contagiada pela nostalgia da imagem, baixei os 49 episódios do desenho estou assistindo-os. Sem contar que eu já tinha feito isso com os Cavaleiros do Zodíaco. Sempre que eu vejo um gibi da Turma da Mônica, eu pego para ler, mesmo que eu já o tenha lido 17587670 de vezes. Eu leio a Turma da Mônica Jovem! E eu adoro literatura infanto-juvenil - A Lenda dos Guardiões que o digam.

Tenho muitas saudades de Sailor Moon, Super Pig, Dragon Ball Z, Os Batutinhas, Cinderela, A Bela e a Fera, Alice, Pica-pau, Punk, He-man, Caverna do Dragão, Ursinhos Carinhosos, Cavalo de Fogo, Capitão Planeta, Liga da Justiça, Super Espiãs Demais, Jackie Chan, Pernalonga, Pateta e até de Chiquititas.
De pular corda, pega-pega, esconde-esconde, mulher-pega-homem, amarelinha, folego de leão, adedonha, adoleta, gato-mia, pássaro no ninho/cobra no buraco, unidunitê, o mestre mandou...
De fazer brincar de boneca, casinha, escolinha, de fazer os mais modernos equipamentos tecnológicos com papel, de imaginar que o jardim é uma grande e perigosa floresta, que a escola era um castelo, que o viveiro era um campo anti-gravitacional, que eu tinha super-poderes, que eu ia ser uma artista famosa, de um dia eu poderia entrar na televisão.

O que eu realmente quero dizer com esse mais-longo-de-todos-os-posts é que mesmo amadurecendo a gente não precisa crescer (figurativamente falando). Sempre se pode relembrar, reviver, reinventar e aproveitar alguns momentos de nostalgia mórbida da infância, porque, além de ser super divertido, faz bem para a alma.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Deixe-se persuadir

Creio que existem alguns tipo de leitura/literatura que são "tipos curingas", pois não importa que estilo você curta, não tem como não apreciá-los.
Os romances de época estão enquadrados nessa situação, pois são leituras amenas, relativamente fáceis (se você tiver um vocabulário razoável) e despretensiosos, pois não é o final que interessa, pois esse já é óbvio, mas o desenvolvimento da história.

Persuasão na versão de bolso
 da Martin Claret
Persuasão, de Jane Austen, é um exemplo disso. Na verdade, a própria autora é o exemplo perfeito, mas não vem ao caso por enquanto.
O livro conta a história Anne Elliot, uma mulher que foi persuadida pela família a não casar com o jovem oficial da marinha Frederick Wentworth. Oito anos se passam e eles se reencontram, mas as mágoas os impedem de retomar o namoro antes menosprezado. Como uma boa história "austeneana", há uma sutil crítica à submissão das mulheres no século XIX refletida na ironia do texto e sagacidade de suas heroína, mas também o seu happy ending - os protagonistas "deixam de besteira", ficam juntos no final e têm o seu final feliz. Ah! E como não poderia deixar de faltar, uma emocionante e explicativa carta do mocinho para a protagonista.

Algumas curiosidade sobre o livro é que ele foi publicado postumamente, em 1818, Jane Austen escreveu duas versões de final feliz para ele, e que, até hoje, ele é tido como o livro preferido dos britânicos. 

Outra característica dos livros austeneanos é a adaptação do livro para televisão, filmes - recorrentemente refilmados - e peças teatrais e a referência a eles dentro de outros filmes. No caso de Persuasão, ele é o livro preferido de Kate, em a Casa do Lago.

Persuasão: filme da BBC, peça do teatro T. Earl and Kathryn Pardoe,
 e pôster do filme A Casa do Lago



Como eu não consegui achar o trailer, coloquei esse vídeo que é o final da última versão filmada em 2007 pela BBC, que começa com a carta/declaração do capitão Wentworth para Anne. Além do lindíssimo sotaque britânico, o longa conta com a despretensão típica da autora, que, ao meu ver, acaba valorizando muito mais a história.


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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Uma proposta irrecusável


Não tem nada mais instigante e excitante do que o mundo dos gângsters. E ao se falar em gângster, dois nomes nos vêm a cabeça: Al Capone e Don Corleone, mas não necessariamente nessa ordem. O primeiro foi o gângster mais temido nos Estados Unidos entre as décadas de 20 e 30. O segundo, um dos personagens mais conhecidos e marcantes da literatura e do cinema.

O Poderoso Chefão (The Godfather) é a obra-prima de Mario Puzo que foi publicada em 1969. A história gira em torno do italiano Don Vito Corleone, que é o chefe de uma das famílias mais ricas e poderosas da máfia norte-americana mo pós-2ª guerra. O livro traz a vida do patriarca, a luta das famílias pelo controle da máfia e o processo de formação daquele que seria o sucessor do grande Padrinho. Há também o apresso à família e a interessante importância da troca de favores nesse meio.

Não alheio ao sucesso do livro, a história ficou ainda mais famosa a partir de 1971, ano em que Francis Ford Coppola dirigiu o filme homônimo ao livro, que até hoje está entre os filmes mais importantes de todos os tempos. A partir daí nasceu uma trilogia, com o segundo filme lançado em 1974 e o terceiro em 1990.

DVDs O Poderoso Chefão - The Coppola Restoratiosn


Os filmes repercutiram de tal forma que, em 2000, os herdeiros de Mario Puzo fizeram um concurso para escolher aquele que teria o direito (honra) de poder continuar a história do padrinho. Eis que surge Marc Winegardner que lança, em 2006, "A Volta do Poderoso Chefão" e, em 2009, "A Vingança do Poderoso Chefão". E ainda tem mais um livro previsto para 2012, "A Família Corleone", mas desta vez será assinado por Ed Falco.

Mais do que uma boa leitura, O Poderoso Chefão virou uma espécie de referência cult - e, quem sabe pop - iconográfica  permeada de frases de efeito, como "Isso não é pessoal, são apenas negócios" e "Eu vou fazer uma proposta que ele não poderá recusar". E não é que acabou mesmo até dando algumas lições para quem aspira entrar no mundo dos negócios.

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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Romeu e Julieta: a tradição da reinvenção

Lavoisier já dizia "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Me parece que nas artes nada se inventa, nada fica obsoleto, tudo de adapta.
Romeu e Julieta é um ótimo exemplo disso.
Tragédia escrita por William Shakespeare, certo? Errado! História adaptada por Shakespeare.

Romeu e Julieta na famosa cena
da sacada
O enredo dos jovens de famílias rivais que se apaixonam e acabam morrendo por não poder viver esse amor remonta da antiguidade, da história de Príamo e Tisbe, de Ovídio. Algo semelhante também é encontrado n'Os Contos Efésios do século III. Já o nome das famílias, Montecchio e Capuleto, antes foram apresentados na Divina Comédia, de Dante Alighieri, mas há ainda quem diga que as famílias realmente existiram.

Passando por cima de mais uma série de títulos e adaptações - Mariotto e Gianozza e, enfim, Giulietta e Romeo -, chegamos a Matteo Bandello, em 1554, com a nouvelle que chegou às mãos do dramaturgo inglês.

E então, a história que já era famosa, se disseminou pelo mundo.
De conto para livro, de livros para peça, de peças para filme, de filmes para o que se imaginar. E até mais.

Animação Gnomeu e Julieta
Falemos de alguns filmes. O de 1968, a história tradicional chega ao Oscar. A versão de 1996 traz os personagens para o século XX com as falas do século XVI: eles saem de Verona, na Itália, e vão para Verona Beach nos Estados Unidos. Em 2005, vieram para o Brasil transformando a briga de famílias em briga de torcidas. Já em 2010, os jovens italianos viraram gnomos de jardim, com direito até à participação especial de Shakespeare. E ainda vem outro por aí...
Sem falar nos filmes inspirados na obra, ou que apresentam a peça como parte de seu próprio enredo.

Mas a história ainda é teatro, seja na versão shakespeariana, ou inundada experimentação, como um musical que retrata a luta entre duas gangues da favela do Maré no Rio de Janeiro, ou uma história repleta de rock e jeans. Pode vir também com a inserção de elementos da cultura local, como proposto, em 1992, pelo Grupo Galpão de Minas Gerais, e atualmente pelo Grupo Garajal, que além de inserir a cultura cearense, experimentou a utilização da simbologia como a diferenciação dos personagens, representados pelo figurino e encenados por todos os atores.


Hoje Romeu e Julieta é história em quadrinho, ensaio fotográfico, história de vampiro, queijo com goiabada, música e até estúdio publicitário.

Ensaio da Vogue

Marcelo Camelo - Romeu e Julieta by luizacarolina30

Enfim, Romeu e Julieta é reinvenção. É a prova de que algo já bom sempre pode se transformar em outra coisa igualmente interessante. Ou não. Mas ainda assim vale experimentar.



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