segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Falando em pensar...

Recentemente eu formulei a frase "não pense, pois pensar nem sempre faz bem". Ironicamente eu não consegui parar de pensar nisso. Pra completar, Fernando Pessoa veio com o Guardador de Rebanhos e minha turma com um vídeo. Aí você percebe que ainda tem muito o que pensar.
Pensar tem sido a única coisa que eu tenho sabido fazer por toda a minha vida e só eu sei tanto o bem quanto o mal que isso pode fazer.

Não resistindo, cito a paródia da gaiola das cabeçudas (olha o nível): "penso logo existo, Descartes que disse isso". Se o fato de pensar nos torna alguém, o que acontece quando não pensamos? Não falo de pensar em algo ou alguém; falo em simplesmente pensar. Aprendi, com muita dificuldade, que em certas ocasiões o melhor a fazer é esvaziar a mente, olhar para o tempo e... só. Num momento de raiva, por exemplo, pensar não vai trazer nada de produtivo, nem saudável. Contraditoriamente, existe um ditado popular que diz "mente vazia, oficina do diabo". Discordo. Se a mente estiver realmente vazia, o diabo não vai ter com o quê trabalhar.

"Há metafísica bastante em não pensar em nada".

Li ainda "pensar enlouquece. Pense nisso". Cheguei a uma conclusão: tô fudida!
Eu não faço outra coisa a não ser pensar. Minha mente está sempre em processo de criação. Não estou dizendo que eu sou uma intelectual, pensando em teorias e teoremas. Não! Eu até penso em coisas sérias, úteis, e também penso muita besteira. Mas, na maioria das vezes, eu simplesmente imagino coisas. Reformularei a minha frase. Eu não faço outra coisa a não ser imaginar. Imagino eventos que poderiam acontecer, mas que são impossíveis, pois eu tenho uma cabeça mirabolante. Penso em desfechos para as mais variadas situações de um possível dia-a-dia, seja ele meu ou não. Só não penso no passado, pois o tempo, literalmente, já passou. 

Só sei que, de tanto pensar/imaginar, eu acabo me conformando com a ilusão e não busco viver realmente, pois eu sei que a vida real nunca será tão fantástica quanto as histórias que eu invento. Eu vivo imaginando. A ilusão me basta, porque, de uma certa forma, é como se eu tivesse passado por aquilo. 
Só que as minhas histórias nunca têm um fim; elas sempre ficam em aberto, como a realidade que eu interrompi para pensar na história. 
Penso, ainda, em escrever um livro sobre isso. Mas eu continuo sem coragem, com medo de ele não sair como eu imaginei.
Então eu penso como seria, e imagino que de tanto pensar, um dia, meus projetos vão sair do campo das ideias e eu vou ter realmente o que escrever.

"O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa".
(Fernando Pessoa)

Um comentário:

  1. pensando sobre isso...
    brincadeiras a parte eu sempre tive vontade de meditar e pra fazer isso tem que para de pensar e pra mim é difícil.

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