quinta-feira, 10 de março de 2011

Palavrão? Não... Força de expressão

Convencionalmente, costuma-se chamar a pessoa que fala muitos palavrões de "boca suja". Mas por quê? Por que é um "nome feio"? E quem disse que é feio? O que/quem define uma palavra como culta e bonita ou vulgar e feia?

Falar palavrões nada mais é do que uma maneira de se expressar. É muito difícil encontrar uma palavra mais polida e menos agressiva para transmitir a real intensidade dos seus sentimentos. Sem falar na incrível dubiedade dos palavrões: eles podem tanto expressar algo muito bom ou muito ruim, uma alegria imensa ou uma raiva indescritível.

Um amigo meu tem a seguinte teoria: os palavrões fazem parte do arco reflexo, pois, às vezes, junto de um movimento súbito, vem um "nome feio". E como, sonoramente, não tem um efeito "apreciável", definiu-se como algo vulgar.

Por exemplo: puta que pariu. Você diz puta que pariu quando bate o seu dedinho do pé em algum lugar. Um AI nunca vai emitir o tamanho da sua dor e indignação pela sua leseira, por assim dizer. Mas também se usa um puta que pariu quando você tem uma surpresa muito boa, um amigo que você não vê há tempos, ou um presente muito foda que vocêacaba de ganhar. Dizer um NOSSA soa sem entusiasmo e não traz a mesma emoção.


FODA então...  Isso é foda! pode ser algo muito bom, ou algo muito chato. Pode-se usar o foda até com malícia.


PORRA! Existe uma palavra mais multi-uso do que essa? Que porra é essa? Pooorraaa... ou simplesmente Porra. Traduzem diferentes níveis de indignação, ou surpresa. Dizer um POXA não é a mesma coisa... Fica faltando um impacto a mais.


E CARALHO? Usado tanto para surpresa positivas, como para as negativas; tudo depende do quanto você prolonga o segundo A.

E ainda tem aquela história de que mulher não pode falar palavrão. Por que vai de encontro com a delicadeza natural das mulheres. O caralho! Tem certas horas que nós precisamos de algo impactante. O cara faz a maior sacanagem e eu vou chamar ele de boboca? Mas é CLARO que não. Vou chamar ele de filho da puta escroto, otário e idiota. Ou algo terrível acontece e você vai dizer "que coisa mais chata", ou pior, e tem gente que fala mesmo, "que cocô!". Fezes, por fezes, muito mais libertador exclamar um MERDA!

É óbvio que não se deve aplaudir o uso indiscriminado de palavrões. Afinal, síndrome de Tourette é uma doença. Mas recriminar uma pessoa só porque, de vez em quando, ela tem a necessidade de enfatizar um sentimento, seja de alegria, raiva ou frustração, é uma puta idiotice do caralho.

Eu adoraria não falar "nomes feios". Mas aí eu perderia o impacto/exagero/emoção das minhas frases, o que tiraria toda a graça da réplica/conversa/discussão. Então, foda-se. Entre o bonito e o feio, eu prefiro me expressar.

2 comentários:

  1. Luizinha, muito bom, cada vez melhores os textos, e note, cada vez mais críticos, mas isso é bom, apelar para essa criticidade pode ser melhor do quer buscar algo mais humorístico, mas admito, quando falou sobre TOurette, EU RI! XD

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  2. Não à sociedade sonsa!!!Cada vez mais tais textos desmistificam fatos condenados pela sociedade sonsa que nos sufoca.Infelizmente a Língua Portuguesa não nos foi fiel e não nos municiou de tantas palavras bonitas que expressem intensidade de sentimentos repentinos,até pra dizer aquele "eu te amo" chega a dar uma vontade de dizer "PORRA,EU TE AMO...", e passar no vestibular?o que seria uma aprovação sem aquele "PQP,passeeeeei nessa PORRA".Não daria certo,por isso eu creio que não devemos dizer "não" a essa expressividade natural dos sentimentos.TUDO É UM ATO REFLEXO E PALAVRÕES FAZEM PARTE DO ARCO REFLEXO.Tipo assim,Luiza,pooooooorra esse texto tá mto massa, entendeu?Vcs acham isso falta de educação?então o q seria o silêncio diante do analfabetismo?

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