Finalmente, meu primeiro post sobre literatura brasileira. E, mais do que isso, literatura cearense!
Luzes de Paris e o fogo de Canudos é o nome do romance de Angela Gutiérrez publicado em 2006, que junta dois dos temas que, paradoxalmente, muito me atraem: a utopia da guerra e o magnetismo do fin-de-siècle francês.
O enredo, em linhas bem gerais, conta a história de Branca, uma jovem de família nobre de Fortaleza, de sua irmã de leite, Morena, e da paixão de ambas pelo médico francês, Louis. O cenário: Fortaleza, a belle époque parisiense e o conflituoso sertão baiano. Todo o glamour da França do final do século XIX misturado ao sangue e suor derramado na Guerra de Canudos.
A bela Paris e o trágico Canudos |
Mas não é tão simples assim. O livro se abstém da tradicional linearidade dos fatos e viaja entre passado e presente, através dos achados de Flora sobre sua tia Branca. Porém não pense que é só a Flora que conta a história. O livro é polifônico; mescla os mais variados tipos de narrador, que vão de cartas e bilhetes ao tradicional observador onipresente.
Como se já não fosse versátil o suficiente, ele ainda é ilustrado com grandes obras de arte do siècle d'or français, como as referências a diversas obras e monumentos sobre Joana d'Arc, juntamente com uma arte típica do nordeste, um cordel sobre a história de Branca e Morena. E alguns ditames franceses (com suas devidas traduções) ainda contribuem para dar um charme ao romance. Que fique registrado que esse livro foi o meu grande influenciador para começar a estudar francês.
Um livro diferente, que conta uma história simples, mas, mesmo assim, consegue fugir do comum sem deixar de ser belo.
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Publicado em http://postandosete.blogspot.com.br
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