Quando eu tinha 10 anos, a professora de inglês passou um trabalho pra gente falar sobre qual profissão nós queríamos seguir. Perguntei pra minha família qual profissão a gente poderia estar sempre viajando. Minha madrinha me deu duas opções: aeromoça (¬¬) ou diplomata. Claro que eu achei mais legal diplomata.
Pesquisei um pouco e cheguei à conclusão que eu deveria me formar em Direito ou Economia. No auge dos meus dez anos, eu decidi que iria fazer Direito e aprender inglês, francês, alemão e japonês (eu tinha um fraco por animes).
Sete anos depois, ano de vestibular. Toda a minha família já tinha a certeza que eu iria fazer Direito (eu passei sete anos escutando isso). E eu acabei fazendo vestibular para Direito. Não passei nem na primeira fase.
Consegui meia bolsa em um cursinho e prestei vestibular de novo. Passei apenas na primeira fase. Pelo menos eu acabei ganhando uma bolsa para o ano seguinte. Outro vestibular, outra reprovação na segunda fase.
Eu tinha cansado de cursinho, mas me foi oferecida outra bolsa e minha família insistiu e meus amigos deram corda e eu acabei aceitando (sem a menor vontade).
Nesse meio tempo, resolvi fazer algo por conta própria e passei pra História na estadual. Minha família toda ficou comovida - contra a minha escolha. "Tu quer ser PRO-FES-SO-RA?" (falaram desse jeito, eu juro!).
Contra a vontade de todos, comecei a cursar História e estou adorando, mesmo sem nenhum apoio da família. Eles pararam de emplicar, mas continuaram sem levar o curso a sério. Tipo, eu no meio do semestre, cheia de trabalhos pra fazer, sou obrigada a dar uma de doméstica em casa e a trabalhar com o meu pai.
Voltando ao último ano de cursinho. Foi 2010, o ano do ENEM. No decorrer do ano, finalmente caiu a minha ficha e eu me dei conta que eu não queria fazer Direito. Como eu adoro escrever e amo ler, escolhi Jornalismo.
Só que eu só péssima em contrariar a minha família e pior ainda pra mentir. Não é que eu não minta; eu só não consigo sustentar por muito tempo. Então, eu apenas "passei" o ano. Sem o menor interesse pra estudar. Acabou que eu não tive média pra entra pra Direito no meu Estado e tive a desculpa perfeita pra me inscrever pra Jornalismo.
Entretanto, meu avô e minha tia vieram com a proposta de bancar a minha estadia em outro Estado. Aí eu fui obrigada a ter a discussão que eu tentei tanto evitar.
"Mas você SEMPRE disse que queria Direito", "Você vai se contentar com JOR-NA-LIS-MO?"e outras frases estimulantes.
O que eu quero falar com essa história, longa e chata, é que a gente sempre quer ser levado a sério e as pessoas acham que estamos brincando e quando a gente, criança, fala alguma coisa, no meu caso, sou lembrada daquilo pro resto da vida porque era uma decisão acertada. E depois dizem que não fazem cobranças. Como se precisasse fazer mais alguma coisa...